“Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós,” – I Pedro 3.15
“E levantou-se um novo rei sobre o Egito,
que não conhecera a José;” – Êxodo 1.8
“Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós,” – I Pedro 3.15
0. Introdução
Por que se faz tão urgente e importante que obtenhamos informações históricas a respeito da Bíblia? Talvez alguns pontos possam nos esclarecer e apontar para estes importantes objetivos.
Primeiramente, vivemos em um tempo onde a ignorância e a ausência de critério impera no meio evangélico. A ideologia de Charles Finney, advinda do Século XIX, de que pastores e igrejas locais não necessitam senão de reavivalismo pragmático e teatral, fundamentado única e exclusivamente nos sentidos humanos e sob forte pressão emocional, tem causado grande estrago no meio do povo de DEUS. Sendo assim, facilmente são “levados cativos” por diversas heresias e “destruídos” espiritualmente pela falta de conhecimento (Pr. 10.21; Isaías 5.13).
Em segundo lugar, sabemos que devemos crer na veracidade e acuracidade da Palavra de DEUS. A Bíblia não depende de informações humanas, pois, mesmo que os homens a contestem, pela fé a reputamos por Inerrante e Infalível, haja visto ser a Revelação perfeita de DEUS, simplesmente.
Apesar disso, devemos concordar que as investigações criteriosas e embasadas em informações corretas, estarão sempre de acordo com o relato Bíblico, sejam no campo científico, contextual, gramatical ou histórico. Desta forma, pastores e igrejas locais estarão bem preparados para dar razão de sua fé (I Ped. 3.15), com inteligência em um culto racional e não nas insanidades modernas do sentimentalismo barato que dão ênfase a uma fé rasa e mundana (Jer. 9.29; João 8.22; Rom. 1.21).
Os movimentos pós modernos e todas as suas vertentes – pentecostais, renovação, neopentecostais, liberalismo, criticismo, etc. – tem construído sua “casa na areia” (Mat. 7.26-27) e não nos devemos ouvidar de batalhar pela fé, lutando contra estes falsos mestres (Judas 3).
Em terceiro lugar a falta de interesse e de estudo entre os pastores são tidas como critérios espirituais, o que denota certa inversão da realidade.
Não creio que o tempo dos pastores estudarem com afinco a fim de prover alimento sólido par seu rebanho tenha passado, ao invés disso, tem se tornado mais e mais urgente, pois o Liberalismo Teológico assola seminários e o Criticismo Textual tem destruído a fé de muitos. Não podemos e nem devemos baixar as armas em dias tão difíceis nos quais a negação doutrinária tem sido abertamente propalada (II Tim. 4.3).
Deixemos de lado a preguiça mental e cavemos fundo (Mateus 7.24 a 25)!
Em suas palestras a alunos de seu seminário, Spurgeon enfatizou a necessidade dos pastores serem “pregadores eficazes e teólogos autênticos”. Na introdução da compilação destas preleções publicadas em 1960, Ian Murray enfatiza como ele sustentava a firmeza em que a instrução deveria ser ministrada:
“Os professores não devem ensinar de modo vago e liberal, apresentando diferentes ‘pontos de vista’, deixando ao aluno a escolha dom que lhe convier; pelo contrário, precisam declarar de maneira convincente e inconfundível a mente de DEUS e demonstrar predileção pela teologia antiga, evidenciando-se saturados dela e dispostos a morrer por ela.”
Ao traçar as areas onde os servos de DEUS comissionados para o ministério devem progredir (Ex. 14.15), Spurgeon enumera inicialmente uma série de pontos necessários:
“Avante, eleitos de DEUS!…Avançar é seu único caminho..Trata-se de prosseguir ou ser desonrados; avançar ou morrer…É mister que sejam a elite da igreja, e mais ainda, do universo inteiro…Primeiramente, havemos de crescer em NOSSAS CONQUISTAS INTELECTUAIS…precisamos nos tornar cultos até onde nos for possível…esforcemos para adquirir informação, especialmente dos fatos bíblicos…Estudem a Bíblia a fundo, usando todos os recursos que possam obter…é preciso que sejam eruditos bíblicos se desejam enfrentar devidamente os seus ouvintes.”
Portanto, avancemos, sem titubear!
1. Tentativas Críticas e Liberais de Desacreditar a Palavra de DEUS
Algumas alegações do Criticismo Textual e do Liberalismo Teológico podem deixar perplexos os desavisados, estando mesmo em perigo de conquistar-lhes a mente e o coração, pois infundem suas tentativas de minimizar a acuracidade e a veracidade da palavra de DEUS, levando-os como consequência a caminhos desastrosos
Uma dessas tentativas é a de identificar o relato bíblico do Êxodo descrito na Bíblia com uma adaptação da expulsão dos Hicsos, ocorrida sob a regência do faraó Amósis I (1570 a.C.) sendo, portanto, a Bíblia apenas um livro de relatos duvidosos, sem fundamento histórico. Dessa forma, rejeitam as Sagradas Escrituras como apenas um amontoado de lendas e mitos, baseados em fatos que somente o Criticismo Textual e o Liberalismo Teológico podem esclarecer.
Isso se torna relevante, quando compreendemos que a intenção é tão somente a de excluir a cronologia bíblica do seu contexto histórico. E, se o relato do Êxodo está desarraigado de todo o panorama histórico, assim também estarão todos os demais fatos históricos registrados nos livros de Josué, Juízes, I e II Samuel, I e II Reis e I e II Crônicas.
Portanto, não se trata de um fato isolado, mas de um amplo ataque às Sagradas Escrituras, a Palavra de DEUS. Se este relacionamento histórico é impreciso e incorreto, quem poderá garantir que o Novo Testamento está fundamentado na Verdade? Para os Críticos Textuais e os Teólogos Liberais de plantão é tudo que precisam para espalharem suas heresias. E se encontram igrejas locais e pastores despreparados, juntam a “faca quente à manteiga gelada” na intenção de fazer prevalecer em seus objetivos humanistas de fomentar a dúvida e a incredulidade!
2. As Opiniões sobre a História e a Bíblia
Há duas opiniões principais em relação ao tempo da opressão egípcia sobre Israel e a data do Êxodo. Uma terceira existe, mas é de menor intensidade. Vejamo-las:
a. A primeira opinião data o período do Êxodo na 19ª Dinastia, um tempo mais recente, digamos assim. Esta é a posição do Criticismo Textual e do Liberalismo Teológico. Desta forma, teríamos o rei opressor que não conheceu a José sendo Setos I, e Ramsés II como o faraó do Êxodo, posicionando o relato Bíblico entre 1260 a 1240 a.C. [Esta é a posição como a de K. A. Kitchen.]
O problema com esta datação é que ela força indescritível alteração cronológica e, consequentemente, rejeição e adulteração histórica contida nos Livros históricos subseqüentes. Toda a estrutura cronológica se torna um amontoado de “entulhos” míticos, ao invés de uma estrutura verdadeira e sólida.
Essa opinião é a de todos aqueles que defendem o relato do Êxodo como sendo uma adaptação mitológica da expulsão dos Hicsos, anteriormente mencionada.
b. A segunda opinião data o período do Êxodo em tempo anterior, mais antigo, posicionando-o na 18ª Dinastia. Veremos em tópico posterior por que esta posição é a mais correta. [Esta é a posição de estudiosos, como o Prof. M. F. Unger.]
Todos os que defendem a exatidão histórica da Bíblia defendem esta opinião.
c. Uma terceira opinião situa ainda em tempo mais recente, aumentando a desestruturação cronológica, tendo como o faraó opressor a Ramsés II e ao seu filho, o faraó Merneptá, como o soberano egípcio do tempo do Êxodo.
Esta é a posição de Werene Keller, em seu famoso livro “…E A Bíblia tinha razão!” de 1978, incrivelmente retirando assim da Bíblia o crédito que é afirmado no título do seu trabalho.
3. A Bíblia comprovada pela História
Porque devemos posicionar a data do Êxodo na 18ª Dinastia? E porque os Críticos Textuais e os Teólogos Liberais a rejeitam? Simplesmente porque os fatos históricos corroboram para a acuracidade do relato bíblico. E isto, eles não o podem suportar.
Primeiramente, o faraó Tutmés III [ou Thutmose, ou ainda, Tutmósis III], regente do Egito entre 1515-1462 a.C. pertencente à 18ª Dinastia e, impressionantemente, se enquadra em muitos detalhes relatados pela Bíblia, fazendo-nos crer que ele foi o rei que se levantou sobre o Egito o qual não conhecia José (Ex. 1.8), sendo o opressor do povo hebreu.
Portanto, esta opressão é fato histórico que se deu cerca de um século depois de Amnose I (ou Amósis I) expulsar os Hicsos – que invadiram o Egito durante a 15ª e 16ª Dinastia – tornando as regiões da Síria e de Canaã seus tributários, não havendo dessa forma conexão alguma com esta expulsão e o relato do Êxodo.
Relatemos alguns fatos que embasam esta opinião. O registro histórico nos informa que Tutmés III:
a. É conhecido pelos eruditos seculares como o “Napoleão do Antigo Egito”;
b. Sob sua regência, expandiu as fronteiras do Egito, disseminando sua influência além de seus domínios.
c. Ao tempo do Êxodo, o Egito era uma nação poderosa, não uma fraca.
d. Moisés nasceu em 1525 a.C. e tinha oitenta anos em 1445 a.C., o que o posiciona vivendo na época deste faraó.
e. Ele era um grande construtor e costumava empregar cativos semitas em seus amplos projetos de construção. No túmulo de seu vizir supervisor de obras (Racmire), encontrou-se pinturas de oleiros fabricando tijolos em um processo que utilizava o barro do Nilo misturado à água, areia e palha picada, sendo moldado e cozido ao sol.
f. Foi a rainha Hatchepsute, filha de Tutmés I e meia-irmã e esposa de Tutmés II, que regeu os primeiros vinte anos de seu reinado. Ela é considerada por alguns como a primeira grande rainha da História, tendo inclusive ordenado construção de estátuas onde é representada com formas masculinas. Tutmés III tinha verdadeira repulsa e desprezo por ela, mesmo assim ela o dominou completamente. Ele de fato assumiu o trono apenas depois da morte dela. Com isso, a sua morte e a ascensão de Tutmés III estabelecem o último período de opressão a Israel no cativeiro egípcio. A rainha Hatchepsute se encaixa perfeitamente na descrição bíblica que aponta para a determinação que somente uma mulher enérgica poderia ter em criar o filho de uma escrava hebréia, contrariando a ordem ral (Ex. 1.15-16; 2.5-10).
g. Seu filho, Amenotepe II, foi sucedido por Tutmés IV, sendo que este não era seu filho primogênito. Isto concorda com a morte do filho primogênito do faraó como a última praga, que estabelece a instituição da páscoa (Ex. 11 e 12).
h. Em 1886 foram descobertas documentos que ficaram conhecidos como as “Cartas de Amarna”. Estas partiram de Abdi-Hiba, governador de Jerusalém, solicitando a intervenção do Egito ao faraó Acnatom (1387-1366 a.C.) na região de Oriente Médio em razão da invasão dos Habirus, etimologicamente compatíveis com Hebreus. A data, portanto, combina perfeitamente com a saída e o tempo de peregrinação no deserto e os fatos posteriormente relatados por Josué. Acnatom não atendeu às súplicas para intervir na região.
Não há dúvidas que de fato, a história comprova a acuracidade da Bíblia.
4. Conclusão
Podemos concluir, sem sombra de dúvida, que a data para o Êxodo pode ser estabelecida na 18ª Dinastia, 1441 a.C. e de forma alguma em datas posteriores, mais recentes.
Definimos então que:
a. Tutmés III foi o opressor de Israel (Ex. 1.8)
b. A rainha Hatchepsute, filha de Tutmés I e meia-irmã e esposa de Tutmés II, foi quem criou Moisés como príncipe do Egito.
c. Amenotepe II, filho de Tutmés III, foi o faraó do Êxodo.
e. Totmés IV, sucessor de Amenotepe II, não foi o seu primogênito em razão da última praga derramada sobre o Egito.
f. Todas os relatos em Êxodo e nos relatos bíblicos posteriores, estão corretos e, portanto são dignos de todo crédito, por constituírem a verdadeira e infalível revelação de DEUS aos homens.
Amados irmãos, fujamos do Liberalismo Teológico e do Criticismo Textual sempre em direção ao Fundamento Eterno da Palavra de DEUS.
Não se deixe enganar pelos eruditos modernistas de plantão, pois a intenção deles é a de simplesmente fazer desacreditar das Sagradas Escrituras.
DEUS os julgará. Permaneçamos, pois, fiéis.
“Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” – Apoc. 2.10
Amém!
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